(...) Nasci voyeur das formas. Logo conheci as letras e já andava por aí, de pescoço torto tentando decifrar aquele enigma de formas belas. Muitas vezes me perdi, em muitas mãos, enganado peguei.
Cismei com o H, que era mudo. Como pode uma letra ser muda? Atropelei os dígrafos e tive um caso fugaz com as proparoxítonas, até descobrir que todas eram iguais e acentuadas.
Encontrei o S.A., se uma sociedade é anônima porque deve ser anunciada?
Entre minhas crises com as letras, tive um longo namoro com cores e formas, daqueles que invariavelmente, acabam em casamento.
Me tornei exímio tricoteiro e, sei coisas inúteis que você nem imagina.
Andei em círculos, me perdi várias vezes no caminho, atrás da compulsão pelo belo e da ânsia de respostas. Por vezes, tive ímpetos de bater como um martelo, e assim, ter certeza de que algumas pessoas não são ocas.
Li, até os hormônios tomarem conta de meu corpo. Mantive apenas os manuais de instruções, e suas incógnitas. Elas estavam em mim.(...)
*O texto completo pode ser encontrado entre os posts sob o título de Auto Retrato.